Benguela – O especialista em turismo João Calete defendeu, neste sábado, ser necessário o investimento público na formação dos profissionais do serviço de hotelaria na província de Benguela, com vista à satisfação dos clientes.
Em entrevista à ANGOP, o especialista admitiu que a formação dos profissionais da hotelaria ainda é uma preocupação, isto porque Benguela é a segunda maior rede hoteleira e turística, depois de Luanda.
Para se ter uma ideia, João Calete, que é igualmente chefe de Departamento Provincial do Turismo em Benguela, revela que o sector da hotelaria emprega cerca de seis mil trabalhadores e boa parte deles precisa de formação.
“Benguela tem cerca de seis mil trabalhadores, desde as unidades hoteleiras até às pequenas e médias empresas: as tabernas e lanchonetes”, assinalou.
E atesta: “Todos os dias, temos um bar aberto. Uma lanchonete para licenciar.
E geralmente tem três a quatro trabalhadores”.
Daí considerar um paradoxo o facto de que a província de Benguela, com todo esse potencial, não tem até hoje uma escola pública vocacionada à formação em hotelaria e turismo.
Necessidade urgente Ainda que haja o Instituto Técnico de Hotelaria e Turismo “BG1125 Laura Vicuña”, pertencente às Irmãs Salesianas, da Igreja Católica, João Calete reforça a ideia de que a intervenção do Governo é importante, na perspectiva da criação de uma escola profissional.
Em seu entendimento, Benguela carece de uma escola pública para formar o pessoal em cursos como gestão hoteleira, pastelaria, serviço de mesa, barman, entre outros.
“Porque, quanto mais tivermos o pessoal formado, mais capacidade teremos de atrair turistas para Benguela”, sugeriu, notando que um hotel de três a quatro estrelas tem de ter pelo menos 15 a 20 por cento dos trabalhadores formados.
De contrário, avisa, as unidades não conseguirão oferecer um bom serviço aos hóspedes que elegeram Benguela como seu destino turístico preferido.
Melhorar a qualidade Sobre o nível de qualidade dos serviços prestados, o responsável do Turismo em Benguela considera razoável, justificando que muitos profissionais não têm formação adequada, daí a falta de excelência no atendimento.
Até 2010, havia em Benguela muitos gestores hoteleiros expatriados, mas hoje o quadro mudou completamente, como deu a entender a fonte.
Mas hoje em dia, conforme a fonte, todos os directores de hotéis na província de Benguela são angolanos, o que já é muito bom, se comparado ao passado.
“Também já estamos a ter um nível de serviço meio aceitável, mas precisamos de mais formação.
Por exemplo, cursos itinerantes”, reconheceu.
E o maior défice está mesmo no serviço de mesa, com João Calete a reprovar a prática de se colocar as pessoas recém-admitidas a atender imediatamente as mesas, sem o mínimo de conhecimento das regras na lida com o cliente cada vez mais exigente.
“Geralmente, após serem admitidas, as pessoas são logo colocadas a atender as mesas”, critica.
Na verdade, disse, para atender o cliente, há regras que o empregado de mesa deve observar, nomeadamente se vai para direita ou para esquerda e qual palavra deverá dizer.
“Porque diz-se que a primeira impressão é que vende. Caso contrário, o cliente já não volta”, frisou, para quem o empregado de mesa deve ser uma pessoa afável e que se expressa verbal e corporalmente com ética e deontologia, sem criar constrangimentos.
Segundo parque turístico do país Segundo destino turístico de Angola, depois de Luanda, a província de Benguela tem mais de 32 hotéis, cem pensões e residenciais, além de muitas hospedarias e empreendimentos complementares de alojamento, vulgos lodges e resorts.
Em termos de visitas, durante este ano, a província recebeu, aproximadamente, trinta mil turistas, entre residentes (75 por cento) e viajantes de outros países, contra os treze mil de 2023.
Ao contrário do que acontecia antigamente, em que os turistas portugueses dominavam o turismo local, hoje a África do Sul é o principal mercado emissor de turistas estrangeiros para a província de Benguela. JH/CRB