Os dois projectos de energia fotovoltaica, num investimento acima dos 300 milhões de Euros, foram adjudicados, em Março de 2021, nas localidades do Biópio e da Baía Farta, em Benguela, à construtora portuguesa MCA, no quadro da estratégia do Governo de produzir uma energia limpa e barata que pode ajudar a reverter os efeitos das mudanças climáticas.
Com uma potência total instalada prevista de 188, 8 megawatts de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas, a central fotovoltaica da comuna do Biópio, município da Catumbela, é o maior projecto de energia solar em Angola e totaliza 509 mil e 40 painéis solares.
A segunda central de energia solar, que deverá também entrar em operação em Julho, gerando 96 megawatts de potência para a rede eléctrica nacional, para beneficiar meio milhão de consumidores, está a ser construída nos arredores da vila municipal da Baía Farta, numa área de 186 hectares e contará com 261 mil e 360 módulos solares.
Quanto ao estado de execução dos projectos, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, reconhece que as obras conheceram um desenvolvimento significativo, daí que a expectativa do Governo seja a de inaugurar os parques fotovoltaicos do Biópio e da Baía Farta já em Julho próximo.
Com isso, Angola terá este ano, pela primeira vez na história, energia eléctrica de fonte renovável (solar), o que, segundo o ministro João Baptista Borges, representa uma inovação que vai diversificar a matriz energética e tornar o sistema mais consistente. Energia limpa compromisso do Governo O ministro lembrou que o Presidente da República, João Lourenço, assumiu, na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), realizada em Novembro de 2021, em Glasgow, Reino Unido, o compromisso de mais investimentos públicos em projectos relacionados com a transição energética em Angola.
Por isso, a matriz energética do país terá 72 por cento de energia limpa e com zero emissões de carbono, no sentido de eliminar gradualmente a produção diesel, isto é, substituir a produção de energia na base de geradores em muitas partes do país.
No caso concreto das duas centrais, aponta que, embora Benguela seja a grande beneficiária, a capacidade de mais de 200 MW permitirá electrificar mais áreas, uma vez que essa energia nova entrará no sistema eléctrico nacional e qualquer província do país poderá beneficiar, desde que esteja conectada à rede.
“Esse acréscimo no sistema eléctrico vai permitir que mais pessoas possam ter acesso à electricidade, muitas delas pela primeira vez e, a partir de uma fonte limpa”, enfatizou, destacando a importância desses projectos para o alcance da meta de “descarbonizar” a indústria e economia angolanas, assegurando um ambiente mais sustentável para as próximas gerações.
Dada à irregularidade das chuvas no país, o ministro diz que a energia fotovoltaica tem um papel muito importante, de maneira a criar sempre uma resiliência em termos de capacidade para fazer face aos efeitos das alterações climáticas.
Leste do país próximo passo
O plano das autoridades prevê que, até meados de Junho, seja lançada a primeira pedra para os projectos de energia solar, nas localidades de Saurimo (Lunda Sul), Lucapa (Lunda Norte) e Luena (Moxico), com cerca de 74 MW previstos.
Por seu lado, os municípios do Bailundo (Huambo) e Cuito (Bié), por já estarem a receber energia da rede eléctrica nacional, serão abrangidos depois.
Contudo, o ministro assumiu como prioridade os parques solares do Leste do país, cujas obras serão executadas a partir de Junho, com a previsão de conclusão para finais do ano em curso.
A ANGOP sabe que a meta do Governo é construir sete centrais de energia solar fotovoltaica, nas províncias de Benguela, com duas, Bié, Huambo, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, totalizando 370 megawatts (MW) de capacidade instalada, num investimento superior a 500 milhões de Euros, financiados pela Agência de Promoção de Exportações da Suécia (SEK).
Desta forma, Angola juntar-se-á a países africanos, com tradição na produção de energia solar, como Quénia, África do Sul, Argélia, Gana, Marrocos, entre outros.
A nível da despesa pública, a produção de energia eléctrica através centrais solares terá como impacto a poupança de cerca de um milhão e 400 mil litros de combustível diariamente.
Hoje, estima-se que 60 milhões de pessoas usam energia solar como fonte de electricidade em África, um continente onde quase 87% das pessoas de baixa renda que vivem nas áreas rurais subsariana não têm acesso à electricidade.